Ora, vamos refletir.

A introdução deste blogue naquilo que hoje chamam de "droga" (Internet) não foi ao acaso, sempre fui daquelas pessoas que precisa de ter opinião sobre tudo, desde o mais insignificante ao mais pertinente dos assuntos. Sempre adorei escrever e hoje posso fazê-lo tentado assim contribuir um pouco mais para aquilo que na atualidade apelam de sociedade procurando assim não ferir suscetibilidades e não magoar aquilo a que apelidamos de sentimentos até porque também os tenho e não faço, de todo, aquilo que não gostava que me fizessem (tudo aquilo a que fui educada, e a educação é sem dúvida um dos assuntos mais tabus de sempre e irá continuar assim até que alguém [e esse alguém não serei eu pois não tenho voz suficiente para falar] consiga mudar) e essa é a minha maneira de ser e pensar.
Ser mãe. Sou nova e nem por sombra de dúvidas pensei que fosse fácil, e não falo sobre o trabalho de ser mãe até porque são assuntos completamente contrários apesar de haver algo que os une, quando me refiro ao ser fácil falo sobre questões monetárias e psicológicas e é óbvio que exige sempre um pouco mais de esforço e pensando bem sem afinco nada feito. Há sempre questões que pairam no ar: "Será que é a altura certa? (1)" "Teremos estofo para lidar com tudo?" "Sou capaz de ser mãe sendo que ainda não sou totalmente independente? (2)" "Vão olhar de lado? Vão criticar a minha decisão? (3)" "Até é o meu sonho, mas será que é hora de seguir para a frente?"
(1) Quando é para vocês a altura certa de fazer algo? Porque para mim, puxando a brasa à minha sardinha que adoro ter sempre tudo sob controlo, algo planeado não tem a mesma intensidade e só nos faz ser pessoas mais ansiosas e controladoras (mais uma vez, contra mim falo). A minha gravidez não foi planeada, aconteceu e não porque não estava informada de todos os métodos contracetivos e afins mas sim porque não tive cuidado. Exatamente, cuidado. Qualquer pessoa hoje em dia sabe que o método mais eficaz é o preservativo mas não quero entrar por aí porque cada cabeça sua sentença, vou falar apenas do meu caso que é para isso que cá estou. Tinha 20 anos quando engravidei, foi em 2016 e tinha consciência (quando feito o ato) que podia acontecer o "pior" das situações, o que não gosto de o chamar assim porque amo de coração ser mãe, e que muito provavelmente iria ter consequências, boas ou más seriam resultantes daquilo que pratiquei (mais uma vez com consciência). Em momento algum pensei que não era a hora certa, foi um choque mas habilitei-me para que isso acontecesse, acreditem ou não o eu falar assim não é porque agora já sou mãe e as obrigações já estão mais interiorizadas, ou já sou mais "aceite" porque não, estou a dar o meu testemunho quanto a ser Mulher. Quando me deparei com o positivo deu-se em mim um misto de emoções, ora queria rir ou chorar, contudo consegui controlar a emoção e sentar-me a falar com a enfermeira e a médica e sabem o que me disseram? Sim, disseram para ir para casa e pensar bem sobre o assunto, era nova e tinha toda uma vida pela frente e que não precisava de me "prender" para já (mas desde quando é que um filho é prisão para alguém? não entendo), a minha atitude foi sorrir e abanar com a cabeça que sim, que iria fazer isso tudo quando para mim a decisão já estava mais do que despachada. Óbvio que segui para a frente e sim tive o apoio de todos aqueles que para mim são os mais importantes, mas não duvidem que seguiria na mesma se não fosse assim também. O que eu quero dizer com isto é que tudo o que tu pensas na altura é superior ao facto de refletires se está ou não no momento certo, porque se formos a analisar bem e estivermos sempre a aprofundar o assunto nunca vai ser propicio, porque o nosso consciente acaba sempre por engendrar mais uma razão para não poder acontecer.
(2) Apesar de já ser maior de idade, o caso de viver em casa dos meus pais não faz de mim uma pessoa totalmente independente, o que em certa parte é frustrante porque gostava de assumir mais responsabilidades porém ser mãe é mais do que uma seriedade, é um compromisso e a partir do momento que escolhes levar a tua gravidez em frente tens obrigatoriamente de reconhecer esse cargo e lutares para seres sempre o melhor para ti e para o teu filho. O facto de não ser totalmente independente não é sinónimo de que não vais poder optar por aquilo que é melhor ou não para o teu bebé, porque à partida depois de seres mãe as decisões são apenas tuas (e do pai do teu filho) e os teus pais ou com quem tu vives são maioriamente aqueles que te dão um apoio como poderes ter um teto e alguém que te segure emocionalmente. Logo, essa questão de não ser "independente" não pode influenciar nas tuas ações, naquilo que tu queres ou não para a tua vida.
(3) Vamos assumir, assim como eu, que optas por seguir em frente, tu sabes que vai haver quem fale da tua vida, quem olhe para ti e pense mil e uma coisas mas o que podes ponderar nesse momento é que foi uma escolha que tu fizeste, sentes-te bem contigo porque é assim que és feliz. Acredita em mim, quando ouves o coração do teu filho pela primeira vez é música e partir daí tudo melhora. Assim como existem os casos que optam por não terem o bebé, também vai haver pessoas a olhar de lado e a criticar, julgamentos absurdos porque cada um sabe da sua vida. O importante é que nós temos de nos sentir bem com as escolhas que fazemos e iremos fazer, porque é da nossa felicidade que se trata, e com isto não quero que pensem que sou a favor ou contra o aborto não é disso que se trata agora, pelo menos não neste texto. É sobre decisões, refletir atos que tivemos e assumir responsabilidades.
Não sei até que ponto é que as pessoas que nos rodeiam podem influenciar, mas o certo é que por vezes faz-nos bem sentar e refletir, é importante sentirmos que estamos em paz com todas as nossas decisões, sejam fáceis ou difíceis.
Então e vocês, acham que refletir é importante?



XoXo,

Dina Araújo