ENTREVISTA A UM PAPÁ DO SÉC. XXI

Olá queridos leitores. Hoje venho postar uma pequena entrevista que fiz ao papá do Santiago, para que ele nos relate qual é a sensação de ser pai com 20 anos (idade que o papá do Santiago tinha, quando o baby boy nasceu).

Tenho de salientar que todas as perguntas foram surpresa para o Rodrigo e todas as respostas eu também não as li porque ficou combinado que ambos estaríamos separados para fazer este desafio e que a entrevista iria ser colocada aqui no blog por ele para que eu não tivesse oportunidade de ver as respostas.


Primeira sessão fotográfica com o Santiago.


Sem mais delongas...

Olá Rodrigo, ou Irro (como é usual chamar-te), estás preparado? Ou tens algum receio do que o que aí vem?

    Estou preparadíssimo, sabes perfeitamente como eu sou e que não me deixo assustar seja qual for o desafio.

Diz, com sinceridade, aos meus leitores qual foi o teu primeiro pensamento quando descobriste que ias ser papá?

   Eu tive uma reação muito serena, um dia iria ter de ser, reagi calma e tranquilamente mantendo a minha postura ao ver aquele teste positivo, mas por dentro foi uma explosão de emoções que não há explicação possível, pois tratar-se-ia do momento que eu mais ansiava que chegasse. Ser pai era um objetivo de vida e o que eu mais queria ser, no momento em que soube que isso ia acontecer, foi sem dúvida a melhor coisa que me podia ter acontecido.

Foi fácil a adaptação da ideia de que ias ser pai? Pensaste alguma vez que iria ser uma missão impossível? Visto que só tu é que trabalhavas e eu ainda andava a estudar.

   A vida nunca me assustou e eu sempre tive a ideia de que eu é que me tinha de adaptar às circunstâncias da vida e não ao contrário. Confesso que inicialmente muita gente me assustou, sem saber qual seria a ideia, mas era muita a gente a dizer "a tua vida vai mudar radicalmente", "não vais poder sair sempre que queres e te apetece", "o dinheiro não vai esticar", "um filho é uma despesa muito grande", "vais ter de gastar muito dinheiro em fraldas" (...) conclusão? Tretas.

   Um filho é uma dádiva e mesmo que assim fosse, eu abdicaria de mundos e fundos para que nada lhe faltasse, mas felizmente, não passou tudo de tretas como disse anteriormente. Não iria ser fácil, era o meu ponto de vista inicial, mas jamais poderia ser impossível. Assim que chegaram as necessidades e as ditas "despesas" eu fiquei extremamente surpreendido, pela positiva claro. O dinheiro que eu gastei e gasto hoje em dia com o meu filho não é nada que eu já não estivesse à espera sinceramente e o meu estilo de vida não mudou em absolutamente em nada, a única diferença é que hoje em dia quando me convidam para ir tomar um café e espairecer um pouco, eu próprio decido se prefiro ir ou se prefiro ficar no aconchego do meu filho, pois não há nada que substitua esses momentos.

Tinhas preferência pelo sexo do bebé? Sim sim, qual?

   Sim tinha, não sou hipócrita, e estou totalmente arrependido. Sou muito mesquinha, adoro vestidos e todas aqueles coisinhas de menina, cabelos compridos, etc. Quando soube que era um menino, depois de ter visto nitidamente no ecógrafo, foi uma emoção instantânea, as lágrimas vieram aos olhos e eu só imaginava o quão lindo ele iria ser. Ser pai de um menino mostrou-me que não é preciso nada disso. Troquei os vestidos pelas camisas e as calças de sarja, os travessões pela risca ao lado, as sabrinas pelas sapatilhas e hoje estou mais do que feliz por ser pai de um menino, um grande menino.

Agora, achas que durante a minha gravidez foste um pai/namorado presente? Ou poderias ter sido mais? Dá-nos a tua sincera opinião, sem medos.

   Fui, sem dúvida que sim. Os únicos momentos em que não estive presente foi durante as horas de trabalho, mas aí não podia fazer porque era o nosso único sustento e eu tinha de o prezar e manter, mas tirando isso acho que mais presente não poderia ter sido.

Assim que o meu tempo de gestação começou a chegar ao fim, com o quê que tu mais sonhavas? Qual era o teu maior desejo?

   Bem, esse foi o momento de maior ansiedade. Nunca consegui imaginar como é que ele iria ser, sonhava imenso com o momento do parto, de estar lá a apoiar-te e de ouvir um choro de "olá mundo!". A coisa que eu mais queria era que ele tivesse saúde e nada de mal lhe acontecesse quando viesse para cá para fora, porque lindo e perfeito já eu sabia que ele ia ser, modéstia à parte, ele é nosso filho, não dava para ponderar outra coisa! Eheheh.

Esta questão é mais para tu dares a tua opinião, podes aprofundar se quiseres ou então podes dizer só aquilo que achas que tem de ser dito. Qual é a tua opinião à cerca dos pais jovens de hoje em dia? Até podes mesmo dar a tua opinião no geral. Achas que deviam mudar em alguma coisa? Consideras-te um pai moderno?

   Vivemos numa sociedade onde, nos tempos que correm, o que não falta é informações na área da sexualidade e da contraceção mas, na minha opinião, não é a quantidade de informação que vai impossibilitar que venham a existir pais jovens. Independentemente das justificações e motivos todos têm direito de decidir se querem ou não que o processo da gestação continue independentemente das condições que possa vir a trazer na vida de cada um, pois eu sou apologista de "se tivemos consciência de o fazer, temos de a ter também para assumir e acartar com as responsabilidades", e a obrigação dos pais, se realmente forem bons pais, é simplesmente apoiar e ajudar os filhos nas condições básicas, ajudá-los a encontrar soluções a e adaptarem-se às novas circunstâncias que a vida proporcionou. Até hoje eu nunca vi ninguém a morrer por ser mãe/pai fora da "idade ideal" e "onde todos ajudam, nada custa". É nestes momentos que o apoio familiar vai ter um grande peso em todas as circunstâncias e os pais tornam-se pilares ainda mais robustos na vida dos filhos, pois nunca é tarde para se conseguir acabar o secundário, nunca é tarde para se ir para a faculdade e muito menos é tarde para arranjar um emprego, pois não é um filho que impossibilita os objetivos que cada um possa ter, poderá adiá-los durante um espaço de tempo, mas nunca os irá impossibilitar. Portanto, se vais ser avó/avô e tens menos de 40 anos, não te preocupes, ver mais que uma geração na família é uma dádiva que muitos se calhar queriam ter e nunca tiveram hipótese, muitos nem chegam a ser, portanto orgulha-te sempre do filho(a) que tens e mantém-te sempre ao lado dele(a).

   Em relação ao meu papel de pai, eu sou de todo um pai moderno e nego-me a tornar-me um pai dos antigos. Eu mudo fraldas, eu dou banho, eu visto, eu cuido e faço qualquer coisa que seja preciso pelo meu filho; vou querer sempre que ele tenha respeito por mim e vou ser autoritário quando assim o tiver de ser, mas não quero de todo que o meu filho me bata continência nem muito menos que tema o pai que tem, respeito e medo não são nem nunca foram sinónimos, estamos no séc. XXI onde, felizmente há mais gente assim, quem tem duas pernas e dois braços é suficientemente capaz de mudar uma fralda, de fazer uma sopa, de lavar a louça e todas outras coisas que antigamente era única e exclusivamente competência da mulher. Isto é somente a minha opinião e os meus ideais.

Quando o Santiago já for crescido, quais sãos os teus maiores objetivos como pai? Como te imaginas? (Ex:. Autoritário, liberal...)

   Quando o Santiago for crescido eu só quero que ele veja em mim um exemplo, um amigo, mas sobretudo que veja em mim o pai dele. Vou tentar sempre dar a devida atenção ao meu filho, jamais quero que ele se sinta de parte em qualquer situação; autoritário sim, como referi na pergunta anterior, mas somente quando tiver de o ser, vou ensiná-lo sempre a respeitar, vai haver limites e a autoridade vai atuar quando ele calcar o limite, se é que me faço entender. Apesar de tudo, além de pai vou tentar ao máximo que ele veja em mim um melhor-amigo, diferente daquele que ele vai ter na escola como é óbvio, mas que saiba que pode contar comigo para tudo.

Que tipo de educação tencionas dar ao Santiago?

   Nada de muito exorbitante, uma educação boa não é falar com sotaque nem ter etiqueta. Tenciono dar uma educação onde se dá valor àquilo que se tem, seja muito ou pouco, onde não é só por aquele ou aquele outro ter uma coisa que ele não tenha que é melhor ou pior, uma educação onde o ponto principal seja o respeito, quero que ele seja dedicado e empenhado em todas as tarefas que ele faça e como todos os pais, quero que ele seja um bom aluno na escola e que usufrua de todas as capacidades que é dotado. O mais fundamental, e quero que ele tenha esta ideia sempre presente, é que não sou eu nem a mãe que vamos decidir o futuro dele. Ele vai ser o que quiser, não precisa de ir para a faculdade para ser alguém na vida, ele simplesmente vai precisar sim de fazer aquilo que, na altura, irão ser os gostos dele, os pais só estão cá para lhe dar o apoio necessário para que ele possa seguir os seus sonhos!

Quando eras pequenino, sonhavas em ser pai, ou sempre foi um assunto no qual nunca pensaste muito?

   Sim, tive sempre a ambição de o ser, sonhava muito com a tradicional tendência de encontrar alguém para partilhar a minha vida, casar e ter filhos, precisamente três no mínimo. Um já tenho, já só falta mais dois.

Vais ser capaz de pedir desculpa ao Santiago quando tiveres uma atitude ou resposta menos boa para com ele? (Sabendo tu que não tinhas razão para o fazer).

   Sim, uma das coisas que lhe quero incutir é que a humildade faz parte de uma boa educação, e os adultos também erram e também têm de ser humildes. A primeira coisa que eu vou fazer assim que tenha consciência que errei ou tive uma atitude menos boa com ele vai ser o devido pedido de desculpas, aí é que vou mostrar o quão bom pai eu sou.

Tens algum tipo de receio ou vergonha de mostrar o quão babado és pelo teu filho?

  Não, nunca, jamais. Eu não tenho nem terei nunca receio de demonstrar, seja onde for, ao meu filho o quanto eu o amo e o orgulho que tenho nele. Afinal, não há nada melhor na vida do que o nosso filho, quer no singular, quer no plural.

Espero que até agora estejas a gostar, e como não nos podemos alongar muito mais, aqui fica uma última pergunta para que nos possas, além de ser claro, deixar um conselho a todos os pais que não assumem ou abandonam os seus filhos. Qual seria a tua reação se o nosso baby boy se sentasse connosco à mesa e tivesse uma conversa exata e precisa sobre a orientação sexual dele?

   Para quem me conhece, sabe o quão compreensivo eu sou em relação à orientação sexual. Não tenho qualquer tipo de problemas com isso. Sei que qualquer pai/mãe cria sempre estereótipo de o filho crescer, ter uma mulher, casar e ter filhos, os nosso futuros netos, mas eu estou mais do que consciente que isso não é uma obrigação e a vida não tem de ser única e exclusivamente assim. A orientação sexual para mim é um pormenor, se for o caso de eu futuramente tiver que ter uma conversa com o meu filho sobre isso vou querer deixar claro que não é de todo um problema, que independentemente de qualquer coisa eu vou estar sempre lá e apoio-o com tudo o que tenho e como sempre o faço e irei continuar a fazer.

   A todos aqueles que maltratam os filhos ou os expulsam de casa e do seio familiar por este motivo, só desejo que o pior lhes seja retribuído, uma orientação sexual diferente não é uma doença. Quantas crianças passam horas no IPO com problemas muito piores e os pais permanecem dia e noite na angústia de que o fim se poderá aproximar sem dar qualquer aviso? Quantas mulheres querem ter um filho e não podem por problemas de saúde como a infertilidade e incapacidade monetária para usufruir de outros métodos medicamente assistidos? E só de saber que há casais que fazem imensas barbaridades e judiarias aos filhos só por eles terem uma orientação sexual diferente deixa-me de tal forma agoniado que só penso como é que conseguiram ter um filho? Porquê que não foi a estes que calhou o azar de serem inférteis? Abram os olhos, estamos em pleno séc. XXI, as pessoas têm de se adaptar à época e à sociedade, já não estamos no "antigamente", estamos no agora, quem vive de passado é museu e se não se conseguem adaptar, azar, que desapareçam para outro lado, afinal só os mais aptos sobrevivem. Amem incondicionalmente os vossos filhos, sejam eles como forem,  não há nada melhor na vida do que poder dizer, eu sou pai (ou mãe).

Assim, e deste modo, dou por terminada a entrevista a um papá babado. Espero que tenham gostado e que realmente tenha servido de exemplo para muitos outros rapazes ou homens.

Deixem nos comentários a vossa opinião à cerca de todas as perguntas e respostas que acabaram de ler.

XoXo,
Dina Araújo

2 Comentários

  1. Sinto-me honrado por esta entrevista. Adorei fazê-la e espero que os teus leitores gostem, da mesma forma, de a ler.

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    1. o feadback foi agradável por isso creio que sim.
      mais virão, mais virão. ❤️

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