Meu filho,

Não sei quando irás ler esta carta, ou se vais ler e ter interesse naquilo que aqui vai ser escrito, não te julgo se não quiseres, se já fores adolescente e estiveres na fase de "a minha mãe é uma chata"; mas desde já ficas a saber que te amo, de todas as maneiras possíveis e feitios também, porque algo que nunca muda é o amor de mãe, é uma coisa que o faço incondicionalmente e sem obrigação, é natural, simples, bonito e doido.
Foste muito desejado, desde que eu e o teu pai nos conhecemos e começamos a namorar que falamos muito em ti, fizemos planos e hoje cá estás tu, deitado ao meu lado no teu berço a dormir solenemente, a encher mais e mais o meu coração. Não te posso perder, não aceito que te percas de mim, ainda que te vás fartar por eu querer saber de tudo o que se passa na tua vida, podes até não saber o porquê, mas se quiseres eu posso dizer-te: és tudo o que tenho de bom na minha vida, és uma força e um motivo de orientação, acredita que não há ninguém que me mantenha tão firme a não ser tu.
Demoraste a chegar, e por ti acho que ainda cá estavas naquela que um dia também já foi a tua incubadora, não sei se era preguiça ou vontade de ficar comigo sempre. Foi complicado ter-te nos braços, demorou horas para te conhecer, abraçar e beijar, mas, quando te deitaram no meu peito senti que tudo valeu a pena e que voltava a repetir se necessário, eras (és) lindo, o bebé mais lindo do mundo (ainda és, independentemente da tua idade, para mim serás sempre o meu bebé) o meu sonho tornado realidade.
Escrevo (ou digito) isto 3 dias depois do dia da criança e com uma razão, para mim (que adoro contradizer) todos são o teu dia, porque tu és luz a todos os momentos, tu és feliz sempre, dás amor o quanto basta e não sei se vais ser um miúdo traquina, ainda que sejas vou amar-te tal e qual como és e não penses em momento algum que me desiludes enquanto filho, que deixo de gostar de ti por erros teus ou palavras mal ditas, prometo que não vai acontecer, descansa (se quiseres no meu peito de novo como muitas vezes fizeste) a mãe vai estar sempre cá e para tudo!
OBRIGADA, mesmo. Fizeste de mim a mulher mais feliz do mundo, esboçaste o teu primeiro sorriso no meu colo, o teu primeiro palrar foi agarrado à minha mão, o primeiro "mamã" foi para me chamares à atenção, fizeste-me crescer como nunca, senti desde o primeiro dia que estava preparada para ser tua mãe e não me enganei, ser mãe é tudo aquilo que me faz bem.
Provavelmente vais ouvir muitas vezes: amo-te filho; ou: estás lindo, elas vão cair aos teus pés; até: trata bem delas, se fosse a mãe ou a mana não ias querer que nos tratassem mal; segue o exemplo do teu pai, ele é bom em tudo, sempre foi, graças a ele e a todas as atitudes dele, vais poder dizer sempre que nunca te falhou, que em momento algum te falhamos e deixamos ficar mal. Tens uns pais que vais poder dar-te ao luxo de fazer "maluquices" e idiotices, porque prometemos desde sempre que te vamos acompanhar em tudo.
Meu filho, quando leres (e se leres) promete que vais guardar todas as palavras que te disse, que vais perdoar a mãe por alguma atitude menos boa, que me vais abraçar e dizer que me amas. És a alegria dos meus olhos, por favor, nunca te esqueças.
Aqui a cota chata irá sempre lembrar todas as tardes de brincadeiras intensivas, as banhocas a meio da tarde, noite e manhãs em que chafordavamos a casa de banho toda, as manhãs de amor cúmplice, e todos os outros momentos que passamos e havemos de passar.
Tenho muito amor por ti, sempre.



Da tua mãe,

Dina Araújo